segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sacaneando um fã de "O Senhor dos Anéis"


Concordo em gênero, número e grau, pelo menos no que se refere à trilogia DO CINEMA. Os livros são, ao contrário, a coisa mais perfeita já escrita por um ser humano até hoje e para todo o sempre.

Um dia talvez eu faça um post pra explicar melhor porquê os filmes são uma droga.

Um dia...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O dia em que eu vi um centauro

Ao contrário do que a minha falta de posts possa sugerir, eu não morri (ainda). Como sempre, minha ausência se deve à minha injustificável preguiça de escrever o que se passa em minha mente desregulada, e não me orgulho disto. De qualquer forma, quebro o jejum com este post cabuloso. Sim, cabuloso, pois o que ocorreu nas linhas que se seguem representa a mais absoluta verdade, e como em poucas vezes neste blog, eu estou falando sério. Sem piadas desta vez.

Nossa história me obriga a retroceder alguns anos no passado. Na época eu devia ter uns doze, treze anos, sei lá. Era um moleque magricelo e gostava de desbravar trilhas no meio do mato com os amigos do bairro. Normalmente existia um trio definido nas nossas brincadeiras dessa espécie: meu irmão Márcio, um antigo amigo de infância de apelido "Vuza" e eu. Não era raro nós sairmos em caminhadas longas, pulando cercas de sítios e atravesssando terrenos privados. Foi numa dessas vezes que pensamos numa forma diferente de "exploração em campo aberto". Utilizando latas e velas, fizemos algumas "lanternas" caseiras e resolvemos explorar um terreno próximo a uma lagoa. Não havia qualquer tipo de iluminação ou movimento de pessoas lá à noite. Os garotos mais velhos usavam o terreno para jogar futebol às tardes, mas nunca havia ninguém lá depois que o sol se punha.

Lá iamos nós, com nossas lenternas de lata e vela e, obviamente, sem o conhecimento de nossas mães. Depois de atravessarmos a cerca de arame farpado, que possuia estacas de um lado e de outro para servirem de "degraus" e dar acesso ao campo, resolvemos acender nossas lanternas, apenas para perceber que elas simplemente iluminavam a escuridão tão bem quanto um abajur de mesa dança lambada. O resultado foi que, numa pequena reviravolta no conceito da exploração noturna, resolvemos desbravar o terreno às escuras e apenas sob a tênue luz do luar (que na ocasião não colaborou muito também). Pobres e tolos garotos. Se não tivessem escolhido esta opção, provavelmente os eventos descritos a seguir nunca tivessem ocorrido.

Mas ocorreram, e eu nunca esquecerei do que vi naquela noite.

Haviamos caminhado apenas alguns metros depois da cerca e já estávamos no meio do terreno que servia de campo de futebol para os garotos às tardes, quando nós três vimos, simultaneamente, algo que fez a todos nós parar imediatamente. Ali, destacada na escuridão da noite e apenas uns cinco metros à frente, uma silhueta mais negra que a própria noite se movia lentamente, visível apenas porque a lua ainda conseguia lançar alguns fracos raios pálidos pelo espaço aO nosso redor. Tinha a forma visível de um eqüino, provavelmente negro, mas onde deveria estar o pescoço de um cavalo, elevava-se o tronco de um homem, com braços, ombros e cabeça, aparentando ter um porte físico avantajado. Quero lembrar apenas que o que eu vi naquela noite não foi nada mais que uma silhueta no escuro, mas que era perfeitamente distinguível. Ela se movia à nossa frente e estava de perfil para nós, que observávamos parados lado a lado, paralelos ao seu movimento. Os seus cascos, ao tocar a areia fofa, não faziam o mínimo ruído, quase como se ele não estivesse ali. Eu estava vendo, mas não acreditava. Lembro que naquele instante eu pensei que estivesse imaginando coisas, e quebrei o silêncio de todos quando abri a boca e falei:

- Vocês estão vendo isso?
- Eu tô.

Eu não sei se quem respondeu foi o meu irmão ou o meu amigo, mas eu sei que virei imediatamente e corri o mais rápido que pude para sair daquele lugar e de perto de seja lá o que fosse aquilo. Não olhei pra trás nem mesmo pra ver se estavam todos vindo junto comigo, e também não me orgulho disso. Eu só sei que pulei a cerca de volta para o lado seguro e só respirei tranqüilo quando alcancei a luz dos primeiros postes da rua. Eu poderia dizer que foi tudo obra da minha imaginação, mas todos sabemos o que vimos ali. Seria querer se enganar. Meu irmão ainda se lembra do evento tão bem quanto eu, e o meu amigo, infelizmente, não vejo há muitos anos. A família dele se mudou da cidade quando ele ainda era moleque (não por causa do ocorrido) e nunca mais mantivemos contato. Eu não sei o que era aquilo, mas se me perguntassem hoje se eu acredito em centauros, eu responderia "Claro que sim! Eles são grandes, se movem sem fazer barulho e moram em Limoeiro do Norte!".

E eu estou falando sério. Mesmo.