segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Me disseram que eu ia morrer!

Sexta-feira à noite eu tive uma das experiências mais sobrenaturais da minha vida, e olhe que ainda não fui assaltado nenhuma vez desde que eu estou aqui em Fortaleza.

Já era, pra todos os efeitos, fim de semana, e eu saí do trabalho pra ir num shopping a algumas quadras dali, só pra dar uma caminhada. Em algum momento, que eu não sei especificar bem, começo a andar lado a lado com um cara. Ele carregava uma caixa, e este é todo o nível de detalhes que eu posso dar a respeito dele. Não lembro mais sequer como era o rosto ou a roupa que ele usava, mas era uma pessoa aparentemente normal.

Em um dado momento ele foi interrompido em sua caminhada por uma senhora conhecida dele, com quem trocou poucas palavras. Eu tomei a dianteira enquanto ele conversava, mas como eu não estava andando assim tão rápido (e ele aparentemente estava andando bem rápido, pra me alcançar com o pacote que carregava, que não era muito pequeno), logo me alcançou. À poucos metros de uma esquina, ele me vem com essa:

- Rapaz, com licença, só queria te dar um aviso. Existem coisas no mundo que nós não conhecemos, e alguém está querendo te tomar aquilo que lhe é mais precioso: a sua vida.

...

Fiquei sem saber como interpretar aquilo.

- ...C-como?

- Não, só queria te avisar isso. Existem coisas nesse mundo que não conhecemos, e alguém está tentando te tomar aquilo que você tem de mais valioso, que é a sua vida. Só era isso. Até mais!

Tá, ele não falou "até mais", mas o efeito, pelo que me lembro, foi o mesmo. Me disse isso, se despediu e foi saindo na maior. Quando ele repetiu a segunda vez, eu pensei que ele ia puxar uma arma, apontar pra minha barriga e PÁ!!! Depois saia falando "era eu" e me deixava com as vísceras esparramadas no chão, cagando involuntariamente em meus últimos momentos terrenos. Juro que pensei. Mas o cara já tava indo, como quem diz "valeu, só queria te contar isso, achei que você ia achar importante".

- Opa, mas... por quê que você tá me falando isso aqui, agora?

- Eu me senti tocado a te dizer isso.

Um arrepio surgiu no topo da minha cabeça, veio percorrendo a parte de trás até a nuca, desceu pela espinha e se espalhou pelo corpo todo. Que porra era aquela? Seria um sinal? O cara não era um maluco, ou pelo menos não aparentava.

- Veja só, se viessem dois caras dali, armados - Acenou pro outro lado da rua, mas me neguei a olhar também. Preferi ficar de olho nele. - e te dessem um tiro, seria algo comum. Nós sabemos desse perigo e podemos tentar nos proteger. Somos adultos e sabemos nos defender desse tipo de coisa. Mas existem coisas que nós não conhecemos, e que não podemos reconhecer para nos defender. Só estou lhe dizendo que alguém está tentando lhe tomar o que é mais valioso seu. Tá bom?

Naquele momento, a conversa já era "quase" normal. Eu já estava até me acostumando com a idéia. A gente tinha parado de andar e estava falando numa esquina próxima à um semáforo. O sinal abriu, ele se despediu e entrou na esquina. Eu ainda dei um "obrigado" antes de atravessar a rua e seguir adiante no meu caminho.

Ri sozinho por pelo menos duas quadras, mas com um puta sentimento de paranóia que me fazia olhar para todos os lados ao mesmo tempo. Seria um evangélico desses fervorosos que acham que a gente deve deitar na cama como um pecador e acordar com uma vida totalmente nova e pura, como quem troca de escova de dentes porque as cerdas já estão todas tortas e detonadas? Será que ele me viu com a blusa de manga longa e achou que eu era um desses malandros viciados, que precisa de algumas palavras sinistras como essas pra buscar auxílio e mudar de rumo? Ou seria aquele homem um instrumento de Deus para me avisar de alguma coisa que estaria por vir?

Eu fiquei bolado.

O mais legal foi que, na volta no ônibus, ainda me entra um cara com um violão e começa a tocar músicas religiosas e pregar a palavra pra todas as pessoas que ainda não tinham passado pela catraca. O bêbado, que até então estava quieto em seu sono ébrio, acordou e começou a cantar também, no que seria a experiência mais sobrenatural da minha vida. O papo com o cara na esquina foi a segunda mais. O pior é que não há nada que eu possa fazer à respeito, afinal, é algo que eu não conheço e do qual não posso me defender. Acredito em Deus, e seja o que Ele quiser.

Então, se eu passar mais de duas semanas sem postar nada aqui... já sabem.

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