quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Counter-Strike e Everquest proibidos (?)

Ontem foi exibida uma matéria no Jornal da Globo com relação à proibição dos jogos Counter-Strike e Everquest em território brasileiro. Achei-a sensacionalista e altamente parcial, visto que apenas a face negra da moeda foi mostrada. Considerar que jogos violentos induzem atos violentos é uma afirmação extremamente precipitada, uma vez que nem mesmo nos EUA, onde os games são infinitamente mais populares do que aqui e as pesquisas na área da psicologia são muito mais freqüentes sob esse aspecto, foi descoberta qualquer relação entre a violência virtual e o comportamento dos jogadores.

A atitude do governo foi incorreta e até ingênua, pois o jogo Counter-Strike é vendido pela Valve, sua desenvolvedora, via download através de seu software Steam, o que não impedirá a comercialização do mesmo. Além disso, proibir só agora um jogo que já faz sucesso desde 1999 parece completamente irracional para mim. Nos Estados Unidos os jogos considerados inadequados para menores recebem selo de classificação. Lá, todos têm o direito de optar pelo conteúdo que desejam consumir, como indivíduos conscientes e responsáveis pelos seus próprios atos. Aqui, nossos governantes decidem o que você pode ou não fazer.

Onde isso vai levar? Simples: quem já conhecia e não jogava há muito tempo vai voltar a jogar, pra matar a saudade. Quem não conhecia vai baixar na internet, ou chegar no camelô e pedir "aquele jogo proibido". O resultado acaba sendo exatamente o oposto, e de quebra o governo ainda deixa de lucrar com a comercialização (legal) do produto no país. Todo mundo perde. Não que isso mude muita coisa, afinal, pois não vai ser dessa vez que o clássico CS vai sumir das lan-houses tupiniquins. Enquanto isso, tem gente matando gente na vida real e ninguém tá nem aí.

Acho que precisamos rever nossas prioridades.

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Edit [24/01/2008] - Aparentemente a emissora sentiu um peso na consciência e gravou uma nova reportagem com um cunho mais jornalístico e menos sensacionalista. Cliquem aqui para ver.

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