terça-feira, 9 de outubro de 2007

Febre, sangue e lágrimas

Este meu último final de semana foi bem divertido. Tive uma febre brochante na noite da sexta e só consegui dormir às 4 da manhã. Pra passar o tempo, ouvi o Rapaduracast#44 e, finalmente, tive um sono nada confortável. É lógico que no dia seguinte eu parecia um papel higiênico molhado, tamanha minha disposição. O jeito foi vestir uma blusa e me empacotar no meu lençol. Não tinha ânimo nem pra jogar videogame. Doente daquele jeito, meus reflexos ficam alterados e minhas reações, mais lentas. Não rola. Assim, o PlayStation 2 ficou totalmente à disposição do meu parceiro de aluguel.

"Parceiro de aluguel"? Tá, eu sei. Esqueci de comentar por aqui, mas aquela história de eu morar com três mulheres (veja meu primeiro post antes de pensar besteira) aqui em Fortaleza já era. Cada uma seguiu por um rumo diferente - nenhuma das saídas foi por minha culpa, juro - e acabei ficando sozinho. Claro, por pouco tempo, pois aí veio esse meu colega de faculdade pra dividir o aluguel comigo (daí o termo "parceiro de aluguel"). Ele é bem mais sujo, gordo e fedido do que qualquer uma das minhas antigas colegas de moradia, mas dividir teto com um amigo homem do sexo masculino tem suas vantagens. Pode-se conversar sobre vários assuntos que não se conversaria com uma mulher, assistir vários filmes que não se assistiria com uma mulher, não precisa-se acompanhar a novela das oito, entre outros. Claro, existem muitos pontos negativos também. A quantidade de poeira por centímetro quadrado cresce exponencialmente a cada dia. Já estou até pensando em plantar uma árvore lá na cozinha. A qualidade das refeições também caiu drasticamente, posto que em três minutos se faz um
Nissin Miojo.

Mas eu estava dizendo que o PlayStation 2 estava à disposição, visto que minhas habilidades gamísticas estavam severamente afetadas pela enfermidade. Essa brecha foi ocupada pelo meu colega de aluguel mais que rapidamente. No domingo ele já estava encerrando o
God of War na dificuldade easy, e prontamente iniciou o God of War II. Cada rasgo que o Kratos fazia num inimigo o fazia rir como uma criança de três anos que descobriu um brinquedo novo, e cada rasgo que um inimigo fazia nele o fazia gritar palavrões que eu prefiro não colocar aqui, caso contrário, teria de aumentar a censura do blog para 35 anos. O fato é que, logo após Kratos levar aquela surra de Zeus bem no começo do jogo, o branquelo pula num Pégasus e sai voando (e arrancando algumas asas de grifos) em direção à Typhon's Cavern. Logo na chegada um Titan dá-lhe uma porrada, derrubando Kratos do Pégasus e prendendo o animal sob sua enorme mão. O que realmente me divertiu foi a tristeza demonstrada pelo meu colega quando viu a morte tão repentina do recente companheiro. "Meu cavalo, meu cavalo", ele dizia, "como eu subo pra salvar ele"? Eu apenas disse, "vai embora cara, ele já morreu, é o roteiro do jogo. Não dá pra salvar". Ele ainda tentou, em vão, por uns quinze minutos, encontrar um meio para salvar seu pobre cavalo voador. No fim, inconformado, seguiu em frente.

Com o coração pesado, meu colega desferia nos inimigos à frente toda a fúria pela perda de seu amigo eqüino. Pra encurtar, ele passou por um monte de monstros, pulou um monte de obstáculos e puxou um monte de alavancas, até que ganhou o
Rage of the Titans, que torna os já fuderosos golpes do Kratos ainda mais fuderosos. A seqüência normal do jogo acabou levando-o de volta à mesma sala do pobre Pégasus, e então, veio a vingança. Atacando os dedos do Titan, notou-se que os mesmos se mexiam. Começou assim um massacre impiedoso à unhas e cutículas de pedra, que resultou na libertação do Pégasus e felicidade completa do meu colega. Ele estava totalmente radiante em poder reencontrar seu amigo alado, que não estava morto afinal, mas apenas imóvel sob o peso do gigante. Saíram juntos, voando ao encontro de novas aventuras.

Muito lindo tudo isso. E ainda dizem que videogames não despertam emoções.

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Em tempo: Você pode assistir ao salvamento do Pégasus clicando aqui. O link é do YouTube.

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