sábado, 12 de maio de 2007

Games - apenas joguinhos?

Hoje, depois de 43 horas de jogo, e devo acrescentar, 43 prazerosas horas de jogo, terminei Okami (PS2). Jogos como este me fazem parar para pensar. Seriam os games mesmo apenas entretenimento puro e simples? Seriam os games apenas uma forma de fazer seus filhos ficarem quietos enquanto você se concentra nos cálculos das finanças do fim do mês? Seriam os games meramente frutos de uma indústria disposta a lucrar com uma massa de aficionados por entretenimento eletrônico? Jogos como Okami me mostram as respostas para estas e muitas outras perguntas: não, não e... não.

Eu compreendo estas questões porque eu sofro constantemente isso. Sim, eu tenho 22 anos, e sim, eu jogo videogames. Aqueles que concordam com essas perguntas são os mesmos que não viveram esta geração "gamística", e por sorte, talvez estejamos meramente passando por uma etapa de transição. Porém, é inevitável aceitar que os games são, sim, um novo formato de mídia, uma nova maneira de se contar histórias e transmitir emoções, assim como o cinema ou a música. Talvez mais, até, uma vez que um bom game leva em conta enredo, fotografia, trilha sonora e, acima de tudo, interatividade. O jogador, como parte ativa no desenvolvimento da trama, identifica-se e guarda muito mais elementos pós-jogo do que talvez, digamos, um espectador guarde ao sair da sessão no cinema. Roteiros complexos que envolvem temas políticos, como guerra, conspiração e espionagem, como podemos ver a cada nova versão de "Metal Gear Solid", mostram também que nem sempre os jogos eletrônicos são voltados ao público infantil, e que cada vez mais as produtoras têm como meta aqueles que estão chegando ou já estão na fase adulta da vida. Abordagens filosóficas e éticas só podem ser interpretadas de forma satisfatória por pessoas que já tenham conquistado certa maturidade.

Claro, não vamos ser ingênuos e achar que a indústria dos games não visa lucros. Seria uma idiotice. Mas paremos para pensar: um jogo com gráficos que se assemelham à uma pintura em movimento, com trilha sonora típicamente oriental e totalmente baseado em lendas japonesas? Seu personagem é um deus-lobo? Não parece que aguém aqui está nadando contra a corrente? O que eu quero dizer é que, algumas vezes, surge alguém que pára e diz: "Chega disso! Vamos fazer algo diferente. Vamos fazer algo novo, algo... interessante!", e eis que temos Okami. É um tiro no escuro? Sim, mas as pessoas maduras gostaram do que viram, e surge o reconhecimento de um bom trabalho. Nestes casos, o artista merece o pagamento pelo prazer proporcionado às pessoas. E assim como na música ou no cinema, a grande maioria ainda produz mais do mesmo, preferindo garantir o mesmo público simples e acomodado à perder o lucro garantido, público este constiuído das mesmas pessoas que olham torto ao avistarem um indivíduo de 22 anos feliz ao ver os créditos finais de uma obra de arte, com o joystick na mão e um sorriso no rosto. É uma pena, mas talvez elas nunca compreendam.

Em tempo: clique aqui e assista aos créditos finais de Okami.

Um comentário:

Anônimo disse...

vou dizer a verdade, só li um parágrafo do que você escreveu. tava ouvindo música e não consigo ler bem e sentir a música ao mesmo tempo =P mas, sim, gostei do parágrafo lido. volto em breve (sem a música!) =*